Bem-vindo a Maçonaria - 3ª Parte

Categoria: Cultura Maçônica Publicado em Quinta, 05 Setembro 2013

Em Maçonaria ninguém  poderá esgotar um assunto,

porque a cada minuto que passa a nossa mente concebe

novas definições para os mesmos símbolos.

a) AS TRÊS VIAGENS E OS QUATRO ELEMENTOS

Segundo o rito antigo, diz Ragon, oaspirante viajava pelos subterrâneos e não pelo templo. No fim de suas caminhadas, ele encontrava a seguinte inscrição: “Quem quer que tenha feito essas viagens, sozinho e sem medo, será purificado pelo fogo, pela água e pelo ar e, tendo podido vencer o terror da morte, com a alma preparada para receber a luz, terá o direito de sair do seio da terra e de ser admitido à revelação dos grandes mistérios”.

“Ele tinha o direito de voltar sobre seus passos, se lhe faltasse coragem para ir mais longe”.

O primeiro elemento é a  Terra, o domínio subterrâneo onde se desenvolvem os germes e as sementes. Ela é representada pela Câmara de Reflexões onde está encerrado o Recipiendário. A primeira viagem refere-se ao Ar, a segunda à Água, a terceira ao Fogo.

As purificações que acompanham tais viagens lembram que o homem nunca é suficientemente puro para chegar ao templo da filosofia.

Já, de acordo com Wirth, o simbolismo dessas três viagens: “A primeira viagem é o emblema da vida humana. O tumulto das paixões, o choque dos interesses diversos, a dificuldade dos empreendimentos, os obstáculos que os concorrentes interessados em nos prejudicar e sempre dispostos a nos desencorajar multiplicam sob nossos passos, tudo isso é figurado pela irregularidade do caminho que o Recipiendário percorreu e pelo ruído que se fez a seu redor”.

“Para desenvolver ao Recipiendário sua segurança, submetem-no à purificação pela Água. Trata-se de uma espécie de batismo filosófico, que lava de toda impureza... ao ruído ensurdecedor da primeira viagem seguiu-se um tinido de armas, emblema dos combates que o homem constantemente é forçado a travar”.

“Para contemplar a verdade que se esconde dentro dele mesmo, o Iniciado deve saltar um tríplice cinturão de fogo. É a prova do Fogo... O iniciado permanece no meio das chamas (paixões ambientes) sem ser queimado, mas ele se  deixa penetrar pelo calor benfazejo que dele emana”.

Acrescentamos que, aos quatro elementos,  costuma-se fazer corresponder os quatro períodos da vida humana: infância, adolescência, idade madura e velhice. Poderíamos ainda fazê-los corresponder aos quatro pontos cardeais, às quatro estações, às quatro idades do Mundo: idade do ouro, da prata, do bronze e do ferro, etc. Todas essas comparações são bastante banais e quase não ajudam para a compreensão dos símbolos.

Pode-se admitir – sem grandes dificuldades – que o homem se compõe não só de um corpo e de uma alma, mas de quatro partes distintas, às quais daremos seus nomes latinos: Spiritus, Animus, Mens, Corpus. A cada uma dessas partes faremos  corresponder um dos elementos na seguinte ordem: Fogo, Água, Ar, Terra.

b) DEUS, O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO

A noção do Grande Arquiteto do Universo,  na Maçonaria, é ao mesmo tempo mais ampla e mais limitada que a do Deus das diferentes religiões.  (Note-se que não suprimimos a palavra “Deus”, mas que lhe acrescentamos o epíteto de “Grande Arquiteto do Universo”).

A Franco-Maçonaria, desde sua origem, adotou a expressão “O Grande Arquiteto do Universo”, mostrando assim a sua concepção da divindade em suas relações com o mundo e com o homem.

O Grande Arquiteto do Universo simboliza  o princípio reitor (aquele que rege) da Maçonaria e do Universo. Trabalhar para a glória do Grande Arquiteto do Universo, isso pode significar, ad libitum (à escolha, à vontade): ou trabalhar sob o signo de Deus; ou, ainda, trabalhar de acordo com o princípio reitor que orienta  para o Progresso a evolução do mundo e da humanidade.

O primeiro artigo das  Obrigações de um Franco-Maçom, de Anderson, foi redigido nestes termos:  “Um Maçom é obrigado, por sua condição,  a obedecer à lei moral; e se ele compreende bem a Arte, nunca será um ateu estúpido, nem um libertino irreligioso”. Mais embora, nos tempos antigos, os Maçons fossem considerados, em cada país, como pertencente à religião, fosse qual fosse, desse país ou dessa nação, considera-se agora mais a propósito deixar a cada um suas opiniões particulares, isto é, que sejam pessoas de bem e leais, em outras palavras, homens honrados e probos, sejam quais forem as denominações ou crenças que possam diferenciá-los. A Maçonaria torna-se, assim o centro da União e o meio de assegurar uma fiel amizade entre pessoas que, de outra forma, continuariam perpetuamente afastadas uma das outras.

c) LIVRE E DE BONS COSTUMES

Para que um candidato seja admitido à iniciação, a Maçonaria exige que ele seja “livre e de bons costumes”.

A segunda parte esteve sempre e continua  ainda em pleno vigor, porém a primeira sofreu modificações no decorrer dos séculos, desde os da Maçonaria operativa. Existindo os servos, durante a Idade média, todas as corporações exigiam que o candidato a aprendiz para  qualquer Oficio tivesse  “nascido livre”, visto que, como servo ou escravo, ele não era dono de si mesmo. No entanto, quando a escravidão foi suprimida na Grã-Bretanha, a Grande Loja da Inglaterra teve de modificar os seus estatutos, substituindo a expressão “nascido Livre” pela de “homem livre”.

d) MORAL MAÇÔNICA

Moral – Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

A Moral está na base da Maçonaria, em sua história, em suas leis, em todo o seu desenvolvimento. É a razão de ser e o principal objetivo da Instituição que, sem ela, não se poderia manter. Esse objetivo é mesmo assinalado na primeira linha do primeiro artigo dos “Deveres de um Maçom”, nas  “Constituições” Maçônicas, desde 1723:  “Um Maçom é obrigado pela sua dependência (à Ordem) a obedecer à Lei moral...”. Assim, a Moral maçônica é a moral solidarista (que tem responsabilidade recíproca).

e) O BEM E O MAL

A Maçonaria procura fazer penetrar na consciência dos Maçons a seguinte fórmula: fazes tudo o que pode contribuir para a felicidade da Humanidade; abstenha-se de fazer tudo o que pode causar prejuízo ou pena à Humanidade. A Maçonaria ensina aos seus adeptos: fazes parte da Humanidade, a sua (dela) prosperidade é a tua prosperidade: o seu sofrimento é o teu sofrimento; o que é bom ou mau para ela o é igualmente para ti; a Humanidade florescente é o teu Paraíso; a Humanidade perecendo é o teu inferno.  O Bem é o que, sendo generalizado, criaria à espécie humana condições de existência mais favoráveis à sua felicidade. O Mal é o contrário.

Valdemar Sansão

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Fone: (011) 3857-3402

Fontes consultadas:

- “A Simbólica Maçônica” – Jules Boucher;

- “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Nicola Aslan;

- Ritual do Aprendiz Maçom – GLESP;

- “O DESPERTAR PARA A VIDA MAÇÔNICA”    Valdemar Sansão (aguardando publicação)

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