Vencer minhas Paixões e submeter a minha vontade

Categoria: Destaque Publicado em Sábado, 21 Setembro 2013

Não obtive o Autor, mas o texto possui consistência e austeridade...

Ninguém é igual a ninguém e ninguém é perfeito.

Perfeição é o grau de excelência ou bondade a que pode chegar uma coisa e o alto grau de virtude, exata observância da lei, dos deveres etc. Todos nós sabemos que nenhum ser humano é perfeito. Os Irmãos não são perfeitos, assim como nós também devemos admitir que não somos perfeitos.

Por mais virtudes que alguém tenha, cometerá em algum momento da vida, pequenos deslizes.

Na Loja Maçônica, lastimavelmente, também prosperam interesses pessoais, desejos de destaque, arroubos de sabedoria, desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido e tantos outros sentimentos iguais. Vemos força, veemência e até violência em obrigar o todo a aceitar calado e resignadamente decisões de alguns “mais realistas do que o rei”, “donos da verdade”, nem sempre contrabalançada pela sensatez e pela temperança. Daí porque, não devemos usar imprudentemente o tempo ou as palavras. Não se pode recuperar uma palavra dita.

Se não se comportar segundo suas expectativas, julgam que estão agindo daquela maneira para os magoar, quando, na verdade, esse é apenas o jeito de ser de cada um.

Orgulho ferido - É o mestre que não se conforma com a análise de um assunto feita por um Irmão estudioso; quando ele, ao apresentar um trabalho, comete uma escorregadela, engano involuntário ou lapso, usa às vezes, linguagem inadequada, etc., ofende-se e não aceita as observações, contestações e conselhos, passando a criticar a Loja e os Obreiros, é, aliás, nessa hora de contrariedades que certas qualidades são testadas; é o expositor que se estende no tempo, que desvia do assunto específico da Sessão, descambando para análises outras, não raro pessoais ou sem importância doutrinária e que não aceita as recomendações de manter-se fiel ao tema, ao programa ou à conduta; melindra-se com facilidade, afirmando que “não está ali para ouvir críticas de quem sabe menos ou é mais moderno na Instituição”; é o detentor de um cargo que se julga auto-suficiente em tudo e não aceita conselhos e recomendações e quando contrariado, se sente desprestigiado, desaparecendo das reuniões; é até mesmo, o formulador de um texto apresentado, cujo trabalho não pode ser lido, magoando-se e fugindo a novas colaborações.

O que se ouve, em todos os exemplos citados, é: “Não entendo o porquê de tanta injustiça comigo, tanta ingratidão... logo eu, que tanto fiz; que tanto dei de mim, que tanto ajudei...”, seguido de lamentações, esquece porque a um é dada a palavra da sabedoria e a outro, a palavra do conhecimento. Quando ultrajado, não revida com ultraje, quando maltratado, não faz ameaças. Procura se reequilibrar, voltar à calma.

Auto-censura - O exército alemão, quando no auge de seu vigor, era um dos mais poderosos. Entretanto, não permitia a um subordinado hierárquico, quando agravado por uma ofensa ou injustiça de um superior, que apresentasse queixa verbal ou escrita, a quem de direito; era indispensável que decorressem 24 horas da ocorrência para que fosse aceita a representação ou queixa. Deveria o queixoso dormir com a mágoa, fazer um melhor exame crítico da ação e do efeito de seu ato, melhor usar da razão, pensar, avaliar muito bem o peso de seus argumentos à autoridade competente.

Melindres - O erro está em o melindrado esperar (e até exigir) gratidão de todos pelo trabalho que desenvolveu na Oficina, confundindo obrigações com favores. Ora, ao Maçom que trabalha o salário não é considerado como favor, e, sim, como dívida. Obrigações não implicam de modo algum em gratidão, muito especialmente se levando em conta que quem as assume, o faz livremente. Daí, quando contrariado, ferido em seu orgulho pessoal, julga-se vítima de ingratidão, de injustiça... e ameaça retirar-se, quando não se esquiva definitivamente através do pedido em caráter irrevogável, de quite-placet ou certificado de grau.

Há mais um agravante no fato que envolve o Obreiro ressentido: a facilidade de magoar-se impele o Irmão a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. Assim quando o maçom se melindra, julga-se mais importante que a Maçonaria e pretende-se melhor que a própria doutrina. E se julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana culpando o outro, mas o outro nunca é a razão de seus problemas. Ao invés de ficar esperando alguém lhe trazer flores, seria melhor plantar um jardim.

Melindres arrasam as melhores plantações de amizades. Quem reclama, agrava as dificuldades.

Amor ao próximo - Todos nós comparecemos à Loja para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias. O Aprendiz que está sendo instruído, faça participante de todas as coisas boas ao Mestre que o instrui. O Maçom deve ser como a natureza é: pura e harmônica. No coração de um Maçom deve haver bondade, paz, sossego, equilíbrio, honestidade, dignidade e, principalmente, humildade. Tudo isso, porém, feito com decência e ordem e aliado a um grande AMOR ao próximo.

Tenhamos o mesmo sentimento de amor uns para com os outros; somente assim encontraremos o excelente caminho para o amor paciente, sem ciúmes, pois, está escrito: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei” (I Corintios 13:2).

Assim, então, poderemos responder à pergunta dos não–maçons: “Onde vocês se reunem?” Diremos: nosso Templo físico é à rua tal, n° tal, mas nosso verdadeiro templo, onde deve penetrar a luz da sabedoria, da verdade e da bondade, é o nosso coração. E tal templo, por estar sempre conosco, nós o levamos a todo lugar e a todo o tempo. Temos nele um morador eterno: o Grande Arquiteto do Universo. Sem ELE este precioso templo não existiria.

A luz da verdade - que emana do coração de um verdadeiro maçom deve ser capaz de penetrar nas mais densas trevas. Quando esta luz rasgar a escuridão e chegar até o fim do túnel, vai deparar com uma luz ainda maior – a luz da verdade.

Em lugar de sermos orgulhosos, sejamos condescendentes com quem é humilde; não devemos aparentar sapiência, conhecedores das coisas da doutrina e humanas, aos nossos próprios olhos. Acolhamos os que são débeis nos conhecimentos, não para discutir opiniões, pois cada um tem opinião definida em sua própria mente. É preferível falarmos cinco palavras com entendimento, para instrui-los, a falar dez mil palavras obscuras, difíceis de entender, exigindo que se conservem calados (os Aprendizes), porque não lhes é permitido falar; Se, porém, quizerem aprender, interroguem seus mestres.

Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos, são tão necesários quanto os fortes. Os fortes devem suportar as debilidades dos fracos. Vamos a eles sem soberba, sem jactância, sem admoestá-los e sim com amor e espírito de mansidão.

Para que haja trabalho e cooperação em comum e não divisão, os Obreiros, com igual cuidado, em favor uns dos outros e ninguém se engane a si mesmo. De maneira que, se um Irmão sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.

Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração. Dê aos outros a liberdade de pensar, tanto quanto você é livre para pensar como deseja.

O Ritual está aí; foi escrito por pessoas inteligentes e nos compete lê-lo, interpretá-lo e segui-lo, porém fazer de seus ensinamentos uma filosofia de vida é uma tarefa extremamente árdua e vai exigir de cada um de nós um esforço constante, para não o desvirtuarmos e seguirmos seus conselhos sensatos durante toda a nossa vida.

Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente. As agruras do dia a dia vão aos poucos solapando aquele paredão de dignidade. O Obreiro fraterno que assiste a reunião e convive com lições e ensinamentos dos mais louváveis, ao retornar ao mundo profano se torna menos ríspido e mais sensível. Aquele coração se torna menos frio, mais magnânimo e menos egoísta. A ambição desmedida, cega, desvirtua os caminhos dos que fogem de conselhos sensatos.

Paixões - é dever de o Iniciado vencer as paixões e os vícios ignóbeis que desonram e desgraçam a criatura humana; diz o visitante, numa passagem do trolhamento, “vencer minhas paixões, submeter minha vontade!...” não são posições fáceis de serem tomadas. Anula, muitas vezes, todas as vontades contrárias, que se lhe opõem.

Para a Maçonaria, as paixões são as tendências do ser humano contrárias às doutrinas morais que ela ensina. A Instituição Maçônica as considera extirpáveis. Por isso, simbolizando o homem profano como uma Pedra Bruta, dá como principal tarefa ao Aprendiz Maçom o “desbaste da Pedra Bruta”, o que, em outras palavras, significa que ele, antes de mais nada, deverá aprender a “vencer suas paixões”. Para a Maçonaria, este é o principal e indispensável trabalho de todo Maçom que, compreendendo as verdadeiras finalidades da Ordem, procura lançar-se no caminho do aperfeiçoamento moral.

O maçom, porém, tem o dever moral de se esforçar ao máximo para, quando no convívio com seus semelhantes, ser considerado por tudo e por todos como exemplo a ser seguido, sob o risco de, se assim não proceder, estar colaborando para denegrir a própria instituição que freqüenta.

Quando falar, pronuncie palavras que abençoem a vida; se vai repreender alguém, faça-o com amor e sabedoria; fale o necessário e somente se tiver algo de bom a acrescentar.

Muitas vezes, uma opinião diversa da sua pode ser de grande auxílio na troca de experiência, se você se dispuser a estudá-la, antes de repeli-la.

Concluindo - Portanto falemos a mesma coisa para que não haja entre nós divisões; antes sejamos inteiramente unidos na mesma disposição mental e no mesmo parecer. Acolhamo-nos uns aos outros, como também a Sublime Ordem nos acolheu para a glória do Grande Arquiteto do Universo.

Maçonaria eu a bendigo, porque me adotou como filho, me ensinou a crença que demonstra, doutrina e prova, iluminando a escuridão em que jazia outrora meu espírito, sempre ávido de luz, sempre sôfrego de saber, o que minha razão aceita porque é o facho luminoso da verdade.

Afinal, viver é enfrentar desafios, pois a função da vida é o aprendizado.

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