Primórdios

Categoria: GOB no Amazonas Publicado em Quarta, 04 Setembro 2013

- Apesar de já existirem maçons na Província do Amazonas, somente no dia 6 de outubro de 1872 é que eles fundaram a primeira loja, denominada Esperança e Porvir, sob a presidência do coronel Tibúrcio Ferreira de Souza, então em Inspeção Militar, no Amazonas. Foi eleito seu primeiro venerável o brigadeiro João do Rego Barros Falcão, Comandante das Armas da Província.
Durante muito tempo discutiu-se a possibilidade de ter sido Floriano Peixoto iniciado nessa loja. Em pesquisas recentemente realizadas, no Grande Oriente de Alagoas, constatou - se ter ele recebido a luz, na Loja Perfeita Amizade Alagoana, n° 181, de Maceió, em 15 de fevereiro de 1871. Ele teria chegado àquela cidade, no final de outubro de 1870, sendo posteriormente nomeado, a 21 de outubro de 1871, para o comando do 3° Batalhão de Artilharia a Pé, de Manaus, já na patente de tenente - coronel. Foi exonerado deste cargo a 24 de agosto de 1872, e talvez participasse apenas das reuniões preliminares, para a fundação da Esperança e Porvir.
- Pelo Decreto n" 10, de 13 de novembro de 1883, do então Grão - Mestre Geral Francisco José Cardoso Júnior, foi criada a Delegacia do GOB, na Província do Amazonas, separada da do Pará, sendo nomeado seu primeiro delegado Deodato Gomes da Fonseca.

 

- As necessidades mundiais de borracha ocorridas com a descoberta de numerosas invenções, que melhoraram a qualidade de vida do ser humano, como a eletricidade, o telefone, o cabo submarino, a bicicleta e o automóvel, entre outras, ensejaram um admirável surto de progresso, em toda a Amazônia, tornando-a uma das regiões mais ricas e futurosas da Terra, a partir da segunda metade do século XIX. Por essa razão ela foi rapidamente povoada e numerosas pessoas de bom nível cultural e econõmico espalharam lojas maçônicas, por toda a Amazônia, que se tornou o principal centro do País neste mister, ao ponto de seus obreiros elegerem o general Lauro Sodré, representante da maçonaria paraense, Grão - Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, e o desembargador Sá Peixoto, da maçonaria amazonense, seu adjunto. Sodré dirigiu a maçonaria brasileira, reeleito por diversas vezes, de 1904 a 1916.
Foi sob o seu Grão - Mestrado que se fundou, no dia 22 de setembro de 1904, em Manaus, o Grande Oriente do Amazonas, composto pelas quinze lojas abaixo relacionadas:

LOJAS

DATA

CIDADE

ESPERANCA E PORVIR

06/10/1872

MANAUS

AMAZONAS

04/03/1877

MANAUS

CONCILIACÃO AMAZONENSE

30/11/1894

MANAUS

RIO NEGRO

05/11/1896

MANAUS

CINCO DE SETEMBRO

22/04/1897

MANACAPURU

AURORA LUSITANA

20/06/1897

MANAUS

ARKBAL

21/04/1898

ITACOATIARA

ALIANÇA

10/07/1899

CANUTAMA

DEUS, LEI E PERSEVERANÇA

30/07/1900

MANAUS

FRATERNIDADE AMAZONENSE

28/10/1900

MANAUS

SÁ PEIXOTO

23/06/1901

TEFE

LUZ E UNIÃO DO JURUA

19/08/1901

EIRUNEPE

ESPERANCA E HARMONIA

24/08/1901

IT ACOA TIARA

UNIÃO, PAZ E TRABALHO

07/1 1/1901

PARINTINS

UNIÃO ACREANA

02/06/1904

XAPURI

-Posteriormente, ainda sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil, e até 1927, surgiram as seguintes Lojas:

LOJAS

DATA

CIDADE

BANDEIRANTES DO ACRE

1906

XAPURI

IGUALDADE ACREANA

1906

RIO BRANCO

FRATERNIDADE ACREANA

1907

CRUZEIRO DO SUL

ACRE

1908

XAPURI

FIRMEZA E AMOR

1910

B.CONSTANT

FRATERNIDADE E TRABALHO

1911

SENA MADUREIRA

BOLIVAR

1912

COBlJA (BOLlVIA)

LIBERTADORA ACREANA

1913

TARAUACA

UNIAO E PERSEVERANÇA

1918

PORTO VELHO

SEGREDO E LEALDADE

1922

PORTO VELHO

T EMPLÁRIOS DO DESERTO

1923

RIO BRANCO

TEREZA CRISTINA

1923

BRASILEIA

FÉ E CONFIANCA

1926

GUAJARÁ MIRIM .

- Os Grãos - Mestres do Grande Oriente do Amazonas anteriores à dicotomia da Maçonaria Brasileira foram (4):

PERÌODO

GRÃO-MESTRE

1904/1908

RAIMUNDO DA SILVA PERDIGÃO

1908/1914

ANTÔNIO CLEMENTE RIBEIRO BlTENCOURT

191411917

 JOSÉ CARDOSO RAMALHO JUNIOR

1917/1923

SILVÉRIO JOSÉ NERY

1923/1927

GASPAR ANTÔNIO VIEIRA GUIMARÃES


-As lutas internas, na Maçonaria Brasileira, reacenderam - se, em 1925. Neste ano, o Grão - Mestre do Grande Oriente do Brasil, potência simbólica que reunia a administração dos três primeiros graus dos diversos ritos, era costumeira e automaticamente guindado ao cargo de Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, fato que já fora considerado estranho, nas reuniões internacionais do R.: E.: A .: A .:, embora continuasse a ser praticado no Brasil.
No pleito de 20 de maio de 1925 o Grão ¬Mestre Geral Mário Behring, que também ocupava os dois cargos, foi reeleito, mas as eleições resultaram nulas,em decisão da Assembléia Geral de 5 de junho, por fraude, e os candidatos concordaram com a realização de novo referendo.Neste ínterim, no dia 13 de julho de 1925, Behring renunciou ao Grão - Mestrado, mas manteve - se no cargo de Soberano Grande Comendador do R.: E.: A .: A.: .
Nas eleições, que se seguiram, ganhou Vicente Saraiva de Carvalho Neiva, sendo publicado o seguinte resultado:

CANDIDATO

Nº DE VOTOS

VICENTE NEIVA

3179

BERNADINO SENA CAMPOS

1358

MÁRIO BEHRING

317

JOAQUIM MOREIRA SAMPAIO

96

LAURO SODRÉ

30

BRANCOS E NULOS

169


Vicente Neiva pouco governaria o GOB, pois faleceu no dia 18 de fevereiro de 1926, sendo substituído pelo seu adjunto Fonseca Hermes, que pediu licença, a 06 de junho de 1927, assumindo o sucessor legal Octávio Prado Kelly.
No dia 17 de junho de 1927, Behring rompeu as relações de amizade com o GOB, em ato do qual participaram treze membros do Sacro Colégio, de um total de trinta e três.
Esperava - se que aquela atitude fosse efêmera, mas a dicotomia estava em movimento há mais de dois meses, com o Supremo Conselho de Behring criando uma base simbólica, para o seu corpo filosófico secessionista, já tendo sido fundada a Grande Loja da Bahia, no dia 22 de maio de 1927, seguida das do Rio de Janeiro e de São Paulo. Pouco depois, em agosto de 1927, Prado Kelly recompôs o Supremo Conselho, por ele presidido, relacionado às lojas escocesas, que continuavam vinculadas ao GOB.
Anteriormente, no dia 3 de agosto de 1927, Behring e seus seguidores emitiram o Decreto n? 7, declarando irregular o Grande Oriente do Brasil, ato unilateral, pois o GOB continuou a ser reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra, a Potência Mater Universal. Em retaliação o GOB, pelo Decreto n° 864, de 13 de agosto de 1927, suspendeu os direitos maçônicos de Behring e de diversos outros obreiros implicados na secessão.
Com esses atos estava consumada a divisão da Maçonaria Brasileira, que tanto desprestígio nos tem acarretado. De um lado ficava o Supremo Conselho do R.: E.: A .: A .: para os Estados Unidos do Brasil, presidido por Mário Behring, e as Micro - Potências Estaduais Simbólicas, compostas maciçamente de lojas escocesas saídas do GOB, pois foi neste Rito, que se deu o divisionismo. E do outro lado,o Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito, o Supremo Conclave do Rito Brasileiro, o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, os Reais Arcos do Rito York, o Supremo Conselho do Rito Moderno e o Grande Oriente do Brasil, com os seus Grandes Orientes Estaduais e suas lojas simbólicas daqueles diferentes ritos, alem do Distrito Norte da América do Sul da Grande Loja da Inglaterra.
No Amazonas, o Grão - Mestre do Grande Oriente do Estado do Amazonas Gaspar Antônio Vieira Guimarães, subordinado ao GOB, a quem devia lealdade e obediência, convocou uma reunião, realizada a 24 de junho de 1927, na qual comunicava ter recebido um telegrama de Mário Behring, datado de 16 de junho, onde registrava a ruptura do seu Supremo Conselho,com o GOB, o que na realidade só ocorreria oficialmente no dia seguinte, e determinava a criação de corpos soberanos simbólicos, nos Estados.
A Assembléia Geral convocada para esta finalidade manifestou-se favoravelmente, sendo criado o Grande Oriente do Amazonas e Acre, sob os auspícios e aliado ao Supremo Conselho do R.: E.: A .: A .: para os Estados Unidos do Brasil, ficando suas oficinas consti¬tuídas em lojas simbólicas, pois até então eram capitu¬lares, e transformando a Assembléia,em Constituinte.
Aderiram ao novo Grande Oriente do Amazonas e Acre, que declarara sua independência do GOB,vinte e seis lojas simbólicas da região, excetuada a Loja Frater-nidade Acreana, da cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre.
O Grande Oriente do Amazonas e Acre, somente em 1961, transformar-se-ia na Grande Loja do Amazonas, Acre, Guaporé e Rio Branco.
O Grande Oriente do Brasil (GOB) seria restabelecido, no Amazonas, em 1934, com a fundação da Loja Capitular Unificação Maçônica.
Bibliografia
(1) José Castellani - História do Grande Oriente do Brasil, publicação do GOB - 1993
(2) Antônio José Souto Loureiro - O Amazonas na Época Imperial- Manaus - 1989
(3) Rodolpho Valle - Centenário Maçônico - Manaus - 1972
(4) Mário Verçosa - Registros Maçônicos - Manaus - 1985

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