A Maçonaria na Amazônia- REPUBLICADO

Categoria: Espaço do Ir Antonio Loureiro Publicado em Quarta, 11 Dezembro 2013

OS PRIMEIROS TEMPOS

    Durante o século XVII já existiam maçons na Amazônia Portuguesa. Este foi o caso de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, capitão general e governador do Estado do Grão-Pará e do Rio Negro, irmão do Marques de Pombal, e de outros membros de famílias maçônicas, como os Ataíde e Teive, os Mello e Castro, os Souza Coutinho, os Gomes Freire graças aos quais se evitou aqui a criação de um estado religioso.

    O reinado de D.José I foi glorioso para a Maçonaria, que viveu uma época de esplendor até a sua  e Maurício José Moreira, um maçom fraco, a polícia fez buscas e apreensões em residências e apreendeu os arquivos do Grande Oriente Lusitano. Foram presos 17 maçons, sendo o delator solto, os civis, com prisão domiciliar fixa, e os militares, como Felipe Alberto Patroni, oficial da Marinha, natural do Pará, encarcerados por mais algum tempo.

As perseguições de 1810 foram ainda mais graves. Entre 10 e 13 de setembro daquele ano, na chamada Setembrizada foram presos uns 50 maçons, sendo todos deportados para a ilha Terceira e depois distribuídos pelo arquipélago dos Açores.. Entre eles estavam alguns dos prisioneiros de 1809, inclusive o nosso amazônico Felipe Patroni.

    A 6 de março de 1817 eclodiu a revolta republicana de Pernambuco, o maior centro maçônico do Brasil, onde após setenta e quatro dias de lutas, muitos maçons foram presos e treze condenados à morte. A rebelião fora apoiada pelo Grão-Mestre do Grande Oriente Brasileiro Antonio Carlos Ribeiro de Andrada.

    Quase ao mesmo tempo, o descontentamento contra a Regência de Beresford e as tropas inglesas em Portugal tomou vulto, com os maçons conspirando, em Lisboa.  Em maio, mais uma vez, três irmãos traidores, atemorizados com os acontecimentos de Pernambuco, denunciaram uma conjura do Grande Oriente Lusitano visando à derrubada da Regência. A Polícia atuou rapidamente com muitas prisões, inclusive a do Grão-Mestre Gomes Freire de Andrade. Os processos correram céleres. Gomes Freire foi sentenciado, a 15 de outubro de 1817, e enforcado a 18 do mesmo mês, junto à fortaleza de São Julião da Barra, enquanto outros onze foram suspensos na forca do Campo de Santana, em Lisboa, três, deportados, um, expulso do País e os três delatores, absolvidos. Do grupo dos enforcados cinco eram sem dúvida maçons, além do expulso do País.

    Na prisão Gomes Freire foi sempre apoiado pelos maçons ingleses, ao ponto da Polícia ter acusado o comandante da fortaleza de São João o maçom marechal Archibald Campbell, e o tenente-coronel do regimento 19º Robert Haddock, de tentarem obstruir a Justiça, sendo que este último ofereceu-lhe fuga, recusada pelo general.

                                                                   
                                                           GOMES FREIRE DE ANDRADE
    Antecipando-se ao que poderia acontecer, após as prisões de numerosos obreiros, a Ordem mandou suspender todos os trabalhos, as reuniões passaram a ser informais, sendo criada a Loja Segurança Regeneradora, como centro comum, tudo isto em maio de 1817.  

A 30 de março de 1818, foi promulgado, no Brasil e em Portugal, o primeiro Alvará Antimaçônico. O Inquisidor Geral Dom José Maria de Melo regozijou-se e convocou todos para uma caçada às feras maçônicas inimigas do Altar e do Trono, sugerindo a exclusão dos maçons dos serviços públicos e eclesiásticos, como já fora feito com judeus, mouros e mulatos. A partir de então pertencer à Maçonaria significava perder os seus bens, bem como ter em seu poder livros, símbolos, estampas, selos, medalhas, catecismos (rituais) e impressos relativos à prática maçônica. Os maçons passavam a incorrer em crime de lesa majestade, sendo traidores e condenados à morte cruel.

De 1817 a 1820 a Maçonaria ficou inativa, em Portugal, embora continuasse a existir medrosamente a Loja Segurança Regeneradora, centralizando toda a atividade maçônica.


FONTES
A. H. de Oliveira Marques - Historia da Maçonaria em Portugal – Editorial Presença- Lisboa - 1990
A.H.Oliveira Marques – A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo – Publicações Dom Quixote – Lisboa -1983
José Castellani - História do Grande Oriente do Brasil – GOB – Brasília – 1993


A PRIMEIRA LOJA MAÇÕNICA DA AMAZÔNIA

    A Revolução Constitucionalista de Portugal, do ano de 1820, previu que as antigas capitanias brasileiras deveriam mandar representantes às Cortes. Em 1821, no Pará, foram eleitos o maçom, estudante de Direito em Coimbra e oficial da Marinha Felipe Alberto Patroni Martins Maciel Parente e o alferes de milícias Domingos Simões da Cunha, que também seria iniciado, enquanto o Rio Negro indicava João Lopes da Cunha e José Cavalcante de Albuquerque.
     
    ‘A idéia da fundação de uma Loja, em Belém, foi de Domingos Simões da Cunha, sob os auspícios do presidente da Província coronel José Felix Pereira Burgos, Barão de Itapicuru-Mirim, portugues de origem, que a governava pela segunda vez: (28/5/1825 a 14/4/1828) e (14/7/1830 a 19/7/1831).

    Com o nome de Tolerância, ela foi instalada no dia 22 de janeiro de 1831, na casa do almoxarife dos Armazens da Marinha Gaspar Corrêa de Vasconcellos, sita no Largo dos Quarteis, hoje Praça Saldanha Marinho, no canto da rua Rosário, atual Aristides Lobo nº13, isto em 1911, a data das nossas informações (1).

    Foram filiados nessa Loja :
Coronel José de Araujo Rozo- Caramuru - Primeiro Presidente da Província do Grão-Pará (2/5/1824 a 28/5/1825)

Marcelino José Cardoso – Caramuru. Médico e Presidente interino da Província entre 7/8/1831 e 27/2/1832, após a deposição do Presidente filantrópico Bernardo José da Gama, visconde de Goiana.

Tenente-Coronel José Joaquim Machado de Oliveira – Presidente da Província de 27/2/1832 a 4/12/1833. Também tinha tendências liberais, e indiciou 49 implicados na deposição do Presidente anterior, muitos dos quais foram deportados para Portugal. Anistiou Batista Campos e mandou desarmar a guarda de Marcos Martins, organizando em seu lugar a Guarda Imperial, entregue ao “exaltado” tenente Germano Máximo de Souza Aranha, pacificador de Santarém, em 1831, quando aquela cidade se manisfestou contrária à Abdicação.Em abril de 1833 enfrentou a denominada Rebelião de Jales, considerada como a última tentativa portuguesa de permanência no Brasil.

Bernardo Lobo de Souza – Presidente da Província de 4/12/1833 a 7/1/1835. Logo entrou em choque com o padre Batista Campos, a maior figura política da Província e que sucumbiu no início da Cabanagem.

Coronel Henrique Ambrósio da Silva Pombo, Barão do Jaguari, Caramuru.
Coronel Manoel Sebastião de Mello Marinho Falcão, comandante dos Guardas Nacionais do município de Belém. Morto no início da Cabanagem. Membro da câmara municipal. Filantrópico.

Coronel João Henriques de Matos, comandante do Corpo de Artilharia.

Capitão de Mar e Guerra José Joaquim da Silva, foi membro do Conselho Provincial.

Capitão de Mar e Guerra Guilherme Cypriano Ribeiro, intendente da Marinha.

Tenente-Coronel Antonio Corrêa Seara.

Major José Batista da Silva, o Camecran, membro da câmara municipal, do Conselho Presidencial, filho do bispo Manuel Caetano Brandão.

Capitão de Artilharia Antonio Bernal do Couto, comandante da bateria do Castelo.
Capitão Raimundo Veríssimo Nina secretário do comando de Armas.

Capitão Domiciano Ernesto Dias Cardoso. Caramuru. Morto pelos cabanos, durante a  invasão do Palácio.
Antonio de Lacerda Chermont, Barão e visconde do Arari.

Antonio Manoel de Souza Trovão, membro da câmara municipal e do Conselho Presidencial. Filantrópico.
 
Pedro José de Alcântara.

Antonio Feliciano da Cunha e Oliveira, advogado.

Marcelino José Cardoso, médico formado em Coimbra, em 1825, membro do Conselho da Presidência.

Padre Silvestre Antunes Pereira da Serra, cônego da Catedral.

Padre Gaspar de Siqueira e Queiroz, cônego, filantrópico, inicialmente amigo de Baptista Campos, deportado para Marabitanas, em agosto de 1831.Tornou-se depois seu feroz inimigo.redigindo o jornal Correio Oficial Paraense, que apoiava Lobo de Souza.

Padre José Lourenço de Souza.

Manoel Rodrigues de Almeida Pinto, funcionário público.

João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha, funcionário público, futuro 1º Presidente da Província do Amazonas.

Marco Antonio Rodrigues Martins, o Mundurucu Pai Quicé, membro da câmara municipal.

Diogo Vaz da Moya.
Manoel Evaristo da Silva e Souza.

Domingos Simões da Cunha.
João Antonio Corrêa Bulhão, proprietário.

João Gama Lobo de Anvers, proprietário.

Manoel Vicente de Carvalho Pena, proprietário.

Bento Garcia Galvão D’Haro Farinha, proprietário.

Vicente Antonio de Miranda, proprietário.

Antonio José de Miranda, proprietário.

José Soares de Azevedo.

José Ribeiro Guimarães.

João Manoel Rodrigues Martins.

Teodósio da Silva Neves, comerciante.

José Paes de Souza, comerciante.

Manoel Gomes Pinto, comerciante.

Honório José dos Santos.

José Joaquim Rodrigues Martins, proprietário.

Manoel Emílio Pereira Guimarães, proprietário.

João Antonio de Souza Azevedo Quebra, proprietário.

João Henrique da Silva Lavareda, comerciante e outros.

    O cônego Baptista Campos criara a 11/7/1831, a Sociedade Patriótica, Instrutiva e Filantrópica, a qual pertenciam membros da Loja Tolerância: o cônego Gaspar de Siqueira e Queiroz e Antonio Manuel de Souza Trovão.

    Também desejara entrar na Maçonaria, mas, segundo o Barão de Guajará, em 1833, foi rejeitada a proposta de admissão do cônego Baptista Campos, um dos mais importantes líderes políticos nacionalistas da Província, nos quadros da Loja, veementemente atacada pelo Presidente Machado de Oliveira. O cônego, despeitado com a ocorrência, tornou-se um inimigo fidalgal da Ordem, instilando, no espírito do povo e das famílias católicas intolerantes, ignorantes e fanáticas, o veneno contra a Maçonaria, que não o aceitara. E isto o fazia continuamente no púlpito, no confessionário, nas igrejas e quermesses, transformando a Ordem em um Inferno na Terra, e seus membros, em demônios, com a presença do diabo em forma de bode, nas sessões. Participante da Cabanagem pregou este ódio entre os cabanos, grupo rebelado contra a Regência, composto de negros, índios mestiços e brancos nascidos no País, alegando que a Maçonaria era o centro dos portugueses, dos brancos, dos ricos e dos ateus. Daí o bispo não aceitar a doação de oitocentos contos arrecadados                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                pela Loja, destinados a uma instituição de caridade mantida pela Igreja. Os desentendimentos avultaram, a partir de 7/4/1834, quando Lobo de Souza quis celebrar o aniversário da Abdicação, solicitando atos religiosos ao bispo e encontrou a catedral vazia, chegando a atitudes agressivas contra padres. A propaganda da Igreja contra a Maçonaria tomou força e vigor a partir de então.

    O bispo dom Romualdo de Sousa Coelho emitiu então uma pastoral datada de 28 de maio de 1834, um dos mais violentos, torpes e mentirosos libelos jamais emitidos contra a Ordem. Contudo a impressão da Pastoral caberia à tipografia do maçom Honório José dos Santos, que antes de qualquer ação levou-a ao conhecimento do presidente Lobo de Souza. Este agiu intempestivamente com ameaças e até repeliu a proposta do bispo de modificar a sua redação, em total demonstração de intolerância. O bispo não a publicou mas viajou para Cametá, sua cidade natal, onde se refugiou.

    Esses alguns dos motivos que levaram a Cabanagem a investir contra a Maçonaria.
    Essa revolta assolou toda a Província do Grão Pará, de Tabatinga ao Marajó, iniciando-se, a 7 de setembro de 1834, com as querelas políticas entre o Presidente Lobo de Souza e os líderes locais representados pelo cônego Batista Campos e Félix Antonio Clemente Malcher, sendo violentamente reprimida pelo primeiro, no seu começo, com saques a sítios e fazendas, e massacres.

    Por isso, a 7 de janeiro de 1835, após o seu fortalecimento, duas colunas de cabanos entraram em Belém: a de Antônio Vinagre, que tomou o Quartel do Batalhão de Caçadores, matando toda a oficialidade ali existente; e a segunda, do tenente João Miguel de Souza Aranha, que se dirigiu para o Palácio do Governo, sendo depois encontrados em lugares próximos e mortos o comandante de armas Joaquim José da Silva Santiago e o presidente maçom Lobo de Souza cujos corpos desnudos foram expostos à vista do povo... Também foi morto em seu quartel o capitão maçom Domiciano Ernesto Dias Cardoso.

    Ao mesmo tempo, aos gritos de “Morram os maçons! Morram os portugueses! Viva a nossa religião!”, dirigiram-se à Loja Tolerância onde arrombaram as portas aos golpes de machado, devassando todos os cantos. Pelas janelas foram lançadas a mobília, os adornos e os papeis, sob terríveis impropérios. Os livros foram rasgados ou levados pelos chefes do ataque, andando de mão em mão como curiosidades.

    A Cabanagem ainda durou até o final de 1836,no Pará, mas só foi sufocada,na região de Maués, no Amazonas, por volta de 1840, custando milhares de mortes em toda a Amazônia e a destruição da sua estrutura produtora de comodidades:cacau e café.
    A Maçonaria na Amazônia só voltaria a existir uns vinte e cinco anos depois.

    O Brasil dominava  definitivamente, massacrava a sua população e destruia a concorrência ao café e ao cacau.
 
    Enquanto os generais da futura Guerra dos Farrapos eram absorvidos pelas nossas Forças Armadas, os da Canagem eram considerados criminosos e mandados para Fernando de Noronha, ou executados.
    
1:- Manuel Barata - A Primeira Loja Maçônica no Pará - Boletim do Grande Oriente do Brazil – Novembro de 1911 – RJ – Typ. Do Ir. Hildebrandt
2:- Antonio José Souto Loureiro - Síntese da História do Amazonas – Imprensa Oficial – Manaus- AM- 1978
3:- José Wilson Aguiar - História da Maçonaria no Acre - Rio Branco – Acre - 2006
4:- Domingos Antonio Rayol – Motins Políticos – 1º e 2ºVolumes - Universidade Federal do Pará – 1970


O RESSURGIMENTO

    Após a destruição da Loja Tolerância, somente voltaram a funcionar lojas maçônicas, no Pará, em 1857.

    Foram então fundadas as Lojas:

Harmonia – 28/3/1857
Firmeza e Humanidade – 28/5/1857
Harmonia e Fraternidade – 15/11/1858
Cosmopolita 1º/6/1864
Renascença -10/10/1872
Aurora – 18/1/1873
Antonio Baena – 24/8/1899
Fraternidade Pinheirense – 26/6/1918
Firmeza e Fraternidade Sourense – 25/6/1922
Cavaleiros de Malta – 3/10/1927
Resistência – 5/3/1928

    A 28 de julho de 1927, foi fundada a Grande Loja Maçônica do Pará, com as cinco lojas Firmeza e Humanidade, Cosmopolita, Renascença, Antonio Baena e Firmeza e Fraternidade Sourense, às quais mais tarde juntaram-se as lojas restantes, em 1934, exceto a Aurora, que ficou fiel ao Grande Oriente do Pará.

    Desde então as duas jurisdições cresceram e atualmente no Estado do Pará existem 113 Lojas sendo 70 da Grande Loja, 40 do Grande Oriente e 3 da COMAB.
1:- Histórico do Grande Oriente do Estado do Pará – Na Revista Na Sombra das Acácias Nº3 – Junho de 2003.

2:- José Wilson Aguiar - História da Maçonaria no Acre - Rio Branco – Acre - 2006
3:- Site da Grande Loja do Pará - http//www.glepa.org.br/a_glepa/

A LOJA ESPERANÇA E PORVIR
Manaus, a capital da Província do Amazonas, por volta de 1872, talvez não chegasse aos 10000 habitantes, mas tinha todo um futuro pela frente, estando em franco progresso, graças a exploração dos imensos seringais, que iam sendo descobertos, produtores de uma matéria prima de grande valor, no mercado, a borracha. Apesar de ser uma pequena e pacata cidade, possuía um bom número de maçons, que foram convidados pelo tenente Leopoldo Francisco da Silva, diretor da escola profissionalizante dos Educandos Artífices, e pelo capitão João Inácio de Oliveira Cavalero, para fundarem uma Loja Maçônica.
Aqui estava, em 1872, comandando o 3º Batalhão de Artilharia a Pé, o tenente-coronel Floriano Peixoto, maçom iniciado, a 15 de fevereiro de 1871, na Loja Perfeita Amizade Alagoana, nº181. Fora nomeado para dirigir o batalhão, a 21 de outubro de 1871, sendo exonerado, a 24 de agosto de 1872, antes da fundação da Esperança e Porvir, e talvez tenha somente participado de alguma reunião informal de maçons, ou preparatória, para a fundação da primeira  Loja de Manaus.
Estando tudo preparado, no dia 6 de outubro de 1872, foi feita a primeira reunião maçônica oficial, no Amazonas, com a presença inicial de onze obreiros: coronel Antonio Tibúrcio Ferreira de Souza, de passagem pela Província, em viagem de inspeção das suas fortalezas, capitão João Inácio de Oliveira Cavalero, tenente Leopoldo Francisco da Silva, major Gabriel Antonio Ribeiro Guimarães, negociante José Teixeira de Souza,  médico João Pedro Maduro da Fonseca, Raimundo Gomes Ferreira Bentes, Pedro Henrique Cordeiro, João Clemente Ribeiro Batista, João Batista Gonçalves Bastos e Teófilo de Oliveira Conduru. Representaram-se através de seus diplomas: o capitão de fragata Nuno Alves Pereira de Melo Cardoso, o negociante José Coelho de Miranda Leão e o coronel comandante de armas João do Rego de Barros Falcão.
A sessão foi presidida pelo coronel Tibúrcio, secretariado por Leopoldo Francisco da Silva, apresentando os presentes os seus documentos. Foi então realizada a eleição, para dirigir a Loja Provisória, que assim ficou composta, sendo todos logo proclamados em seus cargos:
Venerável - João do Rego de Barros Falcão - 11 votos
1º Vigilante - Gabriel Antoni Ribeiro Guimarães - 10 votos
2º Vigilante - João Pedro Maduro da Fonseca - 9 votos
Orador - coronel Tibúrcio - 10 votos
Secretário - Leopoldo Francisco - 9 votos
Tesoureiro - Miranda Leão - 6 votos
Hospitaleiro - Pedro Henrique Cordeiro - seis votos empatado com Marçal Gonçalves Ferreira, que entrara com atraso na Sessão -  desempatada por sorteio
Mestre de Cerimônias - Cavalero - 11 votos
1º Experto - Marçal - 6 votos
2º Experto - Couto -  sete votos
1º Diácono - Batista - 5 votos
2º Diácono - Bastos - 9 votos
Chanceler-Arquivista - Nuno Cardoso - 12 votos
Arquiteto - Bentes - 12 votos
Foi escolhido o nome de Esperança e Porvir, para Loja, denotando o que se pensava do Amazonas de então.
A 13 de outubro, na segunda sessão todos foram empossados, sendo ainda eleitos novos aderentes à Loja: Gaudêncio Soares Ribeiro, porta-estandarte; Raimundo Torquato de Oliveira Gomes, porta-espada; Antonio Pedro Borralho, cobridor interno; Silvério José Nery, cobridor externo; Joaquim da Silva Castro, o Terrível; Luiz Caetano de Almeida, bibliotecário; e Bernardo Antonio de Oliveira Braga, mestre de banquetes. O quadro de obreiros alcançava um total de 18 irmãos.
A Loja teve o seu pedido de Regularização autorizado, na Reunião nº217, de 18 de fevereiro de 1873, do Supremo Conselho, aprovado pela Assembléia de 1º de março, presidida por Antonio Alves Pereira Coruja.
A Sessão Magna de Regularização deu-se a 24 de maio de 1873, presidida, pelo 1º Vigilante Maduro, pois o venerável Barros Falcão fora transferido.
Foi criada sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil, mas, a 2 de agosto de 1873, dele desligou-se, filiando-se ao Grande Oriente Unido do Brasil, nome da cisão dirigida por Saldanha Marinho, também denominada de Grande Oriente dos Beneditinos. A cisão durou de 1863 até 18 de janeiro de 1883, quando as suas lojas voltaram ao seio do GOB, conforme comunicação recebida por uma prancha circular, datada de 19 de janeiro.
A Loja desde então ficou jurisdicionada ao GOB, dele se separando, em 1927, pela nova cisão que ocorreria naquele ano.
Desde os primeiros tempos, foi uma Loja capitular, podendo funcionar do 1º ao 18º grau.
O seu primeiro iniciado foi Domingos de Almeida Souto, comerciante português, feito aprendiz, a 21 de novembro de 1872.
O atual templo teve a sua construção iniciada, em 1887, e somente terminada com a reinauguração, a 23 de junho de 1909.
A QUESTÃO RELIGIOSA
No Amazonas, a Loja Esperança e Porvir, apesar de pertencer ao Grande Oriente dos Beneditinos, a 20 de fevereiro de 1873, apoiou a representação dos maçons de Pernambuco, contra o Bispo de Olinda, que havia suspenso as ordens de padres maçons, e proibido aos maçons de participarem das ordens terceiras, no que fora secundado pelo Bispo do Pará. Os bispos foram condenados à prisão e a trabalhos forçados, sendo anistiados em 1875, quando o Vaticano levantou os interditos lançados. A 17 de outubro, a Loja comemorou, com grandes festas, este acontecimento.

PADRE TORQUATO ANTONIO DE SOUZA E PADRE EUTÍQUIO PEREIRA DA ROCHA
O padre Torquato esteve visitando Manaus, em 1876, e, no ano seguinte, participou da Comissão Regularizadora da Loja Amazonas, formada pelo padre Eutíquio e os obreiros locais Gabriel Antonio Ribeiro Guimarães, Silvério José Nery e Bernardo José de Bessa. Figura ímpar, sempre assumiu a sua posição de maçom convicto.
Tendo falecido, a 20 de gosto de 1880, o padre Eutíquio, grande líder maçônico da vizinha Província do Pará, foi realizada, em sua memória, a 15 de novembro de 1880, uma sessão de Pompas Fúnebres, a primeira feita, no Amazonas.
OS DELEGADOS DO GRANDE ORIENTE DOS BENEDITINOS E A PRIMEIRA DELEGACIA DO GOB
O padre Eutíquio exerceu o cargo de delegado do Grão-Mestre do Grande Oriente dos Beneditinos, para o Pará e o Amazonas, no período de 1873 até a sua morte, em 1880, quando foi substituído por Vicente Ruiz, que veio especialmente de Belém, para realizar uma  sessão especial fúnebre, em Manaus, em sua honra.
Antes de morrer, Eutíquio escrevera um artigo dizendo que não queria receber extrema unção, pedindo aos irmãos, que se caso aparecesse uma falsa declaração de que abjurara a Maçonaria, na hora de sua morte, ela poderia ser considerada como uma falsificação.
Com a reunificação da Maçonaria Brasileira, foi nomeado primeiro delegado do GOB, para o Amazonas, o irmão Deodato Gomes da Fonseca, pelo Decreto nº10, de 13 de novembro de 1883, do Grão-Mestre José Cardoso Júnior.
A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS DO AMAZONAS
Após o Ceará, em março, o Amazonas foi a segunda Província a libertar os escravos, a 10 de julho de 1884.
O movimento abolicionista do Amazonas começara, em 1869, quando o presidente Wilkens de Matos criou uma verba de 10 contos de réis anuais, para as libertações, e elevou, para 500$000, a taxa de entrada de escravos de outras províncias.
Em março de 1870, foi fundada a Sociedade Emancipadora Amazonense; em julho de 1881, a Libertadora Cearense, e a 24 de novembro de 1882, com a ajuda do presidente José Paranaguá, a Libertadora Amazonense, a primeira usando o sistema de indenizações, e as duas últimas, libertárias, sem qualquer pagamento aos possuidores de escravos.
A 25 de março de 1884, doze dias após ter assumido, o presidente Teodureto Carlos de Farias Souto, ao apresentar sua exposição à Assembléia Provincial, estabeleceu a possibilidade de libertar todos os pouco mais de 1000 escravos da Província, com o saldo de 972 contos existente, no Tesouro, e mediante indenizações. No dia 27 de março, foi apresentado o anteprojeto criando o Fundo de Emancipação, cerca de 300 contos anuais, para manumissões, que se tornaria a Lei Áurea, a 24 de abril de 1884, proibindo a entrada de novos escravos, no Amazonas, e, logo a seguir, a 24 de maio, seria feita a declaração da Igualdade Absoluta, em Manaus, sendo entregues 186 cartas de alforria. Seguiram-se as libertações de todo o Purus, a 7 de junho, de Manicoré, a 18 de junho, e a 20 de junho de 1884 já não existiam mais escravos, no Amazonas.
A data da libertação definitiva estava marcada, para 5 de setembro, a do aniversário da Província, mas a queda do gabinete liberal de Lafayette Pereira, levando junto Teodureto, anteciparia este fato para 10 de julho de 1884. Nessa data, ao meio dia, à praça 28 de Setembro, foi lavrado o Auto de Abolição e Declaração de Igualdade, no Amazonas, somente aceito pelo Império, após o encerramento do Livro de Matrícula de Escravos da Alfândega de Manaus, a 30 de março de 1887.
Deste movimento participaram ativamente os obreiros da Loja Esperança e Porvir e da Amazonas, fazendo doações e campanhas, criando leis e apoiando o presidente Teodureto Souto, também maçom.
No Ceará, os proprietários não foram indenizados, enquanto, no Amazonas, foram desapropriados, em sua maior parte, pela Província, por uma ato de vontade política.
AS LOJAS DO SÉCULO XIX
No fim desse século, com a descoberta de novas aplicações, para a borracha, na eletricidade, no telefone, nos pneus das bicicletas e dos automóveis, a Amazônia tornou-se uma das regiões mais ricas da Terra, representando 38% da economia brasileira, embora a sua população só alcançasse 1.000.000 de habitantes, apenas  uns 5%  da população brasileira. As suas capitais foram exemplos de modernização para o restante do País, que só entrariam nesta fase, no século seguinte. A Amazonia era um dos principais leões da Coroa Britânica, produzindo, em 1910, o equivalente a 600 toneladas de ouro, em borracha.
Assim, até 1899, foram fundadas, no Amazonas, mais seis Lojas simbólicas, algumas capitulares:
•    Amazonas (Rito Adonhiramita) - a 4 de março de 1877.
•    Conciliação Amazonense (Rito Moderno) - 30 de novembro de 1894.
•    Rio Negro - 5 de novembro de 1896.
•    Cinco de Setembro, em Manacapuru, a 1ª do Interior - a 22 de abril de 1897.
•    Aurora Lusitana, a 20 de junho de 1897.
•    Arkbal, em Itacoatiara, a 21 de abril de 1898.
•    Aliança, em Canutama, a 10 de julho de 1899.
A CRIAÇÃO DO PRIMEIRO GRANDE ORIENTE DO ESTADO DO AMAZONAS E ACRE - 1904
Em 1904, foram eleitos para a direção do GOB, o general Lauro Sodré e Silva, Grão-Mestre, e Antonio Gonçalves Pereira de Sá Peixoto, Adjunto, o primeiro natural e iniciado em Belém, e o segundo, maçom ativo, no Amazonas, demonstrando a pujança da Maçonaria Amazônica.
Entre 1900 e 1904, mais oito novas Lojas, surgiram, no Amazonas, totalizando quinze, quando foi emitido o Decreto nº276, de 22 de setembro de 1904, criando o Grande Oriente do Estado do Amazonas e Acre, assinado por Lauro Sodré.
Foram elas:
•    Deus, Lei e Perseverança, fundada a 30 de julho de 1900.
•    Fraternidade Amazonense, em 28 de outubro de 1900.
•    Sá Peixoto, em Tefé, em 23 de junho de 1901.
•    Luz e União do Juruá, em Eirunepé, em 19 de agosto de 1901.
•    Esperança e Harmonia, em Itacoatiara, a 24 de agosto de 1901.
•    União, Paz e Trabalho, em Parintins, em 7 de novembro de 1901.
•    União Acreana, em Xapuri, a 3 de junho de 1904.
Até 1926, apareceram mais 13 Lojas, no Grande Oriente do Amazonas e Acre:
•    Bandeirantes do Acre, em Xapuri, 1906.
•    Igualdade Acreana, em Rio Branco, 1906.
•    Fraternidade Acreana, em Cruzeiro do Sul, 1907.
•    Acre, em Xapuri, 1908.
•    Firmeza e Amor, em Benjamim Constant, em 1910.
•    Fraternidade e Trabalho, em Sena Madureira, 1911.
•    Bolívar, em Cobija, na Bolívia, 1912.
•    Libertadora Acreana, em Tarauacá, 1913.
•    União e Perseverança, em Porto Velho, em 1918.
•    Segredo e Lealdade, em Porto Velho, em 1922.
•    Templários do Deserto, em Rio Branco, 1923.
•    Tereza Cristina, em Brasiléia, 1923.
•    Fé e Confiança, em Guajará Mirim, em 1926.
GRÃOS-MESTRES DO GOEAA
Exerceram o grão-mestrado, até a cisão de 1927:
1904-1908    Raimundo da Silva Perdigão
1908-1914    Antonio Clemente Ribeiro Bittencourt
1917-1923    Silvério José Nery
1923-1927    Gaspar Antonio Vieira Guimarães
A cisão consumou-se, no Amazonas, com um telegrama de 16 de junho de 1927, quando Mário Behring ainda não havia rompido com o GOB, antecipando este fato. Gaspar Guimarães aderira, pois fora levado ao grau 33 e, em seguida, nomeado para o Supremo Conselho de Behring.
Em Manaus, foi convocada uma Assembléia Geral, que se reuniria a 24 de junho, data da criação do Grande Oriente do Amazonas e Acre, independente do GOB, mas sob os auspícios e aliado ao Supremo Conselho de Behring, ficando as suas oficinas transformadas em Lojas Simbólicas, enquanto a Assembléia Geral transformava-se em Constituinte.
Somente em 1961, foi que este Grande Oriente transformou-se na Grande Loja do Amazonas, Acre, Guaporé e Rio Branco, atualmente Grande Loja Maçônica do Amazonas.
Aderiram a este novo Grande Oriente todas as Lojas da Jurisdição, exceto a Augusta, Respeitável e Benfeitora Loja Fraternidade Acreana, nº863, ao Oriente de Cruzeiro do Sul, no Acre, que junto com a Loja Capitular Unificação Maçônica, nº. 1125, fundada, a 15 de novembro de 1934, evitaram a perda de territorialidade do GOB, na região.
O RESSURGIMENTO DO GOB NA AMAZONIA OCIDENTAL
A partir dessas duas Lojas, o GOB restabeleceu-se, na Amazônia Ocidental, com uma Delegacia, criada, em 1934, sob a direção de Obed Barreto, que a dirigiu até 1947. Enquanto a Unificação Maçônica, a primeira do GOB, após a cisão de 1927, recebia reforços de numerosos obreiros do Acre, que não tinham aceito passivamente aquela mudança de jurisdição.
Nos quarenta e cinco anos, que se seguiram, até a criação do Grande Oriente da Amazonia Ocidental, numerosas Lojas foram mantidas, criadas ou retornadas à Jurisdição do GOB:
Fraternidade Acreana (AC)       1907
União e Perseverança    (RO)       1918
Segredo e Lealdade (RO)          1922
Unificação Maçônica (AM)      1934
Vitória das Nações Unidas(AM)1945
Oriente Unido    (AM)                   1945
Verdade (RO)                       1953
Estudo e Trabalho (RO)            1957
Nova Olinda  (AM)                  1957
Abraham Lincoln (AM)       1968
Amazonia Brasileira (AM)       1968
Vanguardeiros do Juruá (AC)   1970
Hum:. E Fraternidade (RO)      1971
20 de Agosto (RR)                    1971
Taumaturgo de  Azevedo(AC)  1972
Estrela de Maués (AM)             1972
Vitória Régia (AM)                   1972
Estrela do Rio Madeira(AM)    1974
Liberdade Acreana (AC)           1977
Vigilantes da Ordem (RO)        1978
Estrela Do Oriente(AM)           1978
Moacyr Alves (AM)                 1978
Caetano Félix Nascimento-AM1978
Assim, após a cisão, o GOB e seus obreiros conseguiram manter e fundar, na Amazonia Ocidental, um total de 23 Lojas, até 1979, quando, a 4 de março de 1979, foi fundado o Grande Oriente da Amazonia Ocidental, abrangendo o Amazonas, Rondônia e Roraima, pois no Acre existia uma Delegacia, desde 1974, com a sede em Cruzeiro do Sul.
O decreto que deferiu a fundação foi o de nº2633, de 30 de março de 1979, do grão-mestre Osires Teixeira..
Deste Grande Oriente surgiriam:
•    Grande Oriente de Rondônia, fundado, em 1981, e instalado, a 2 de julho de 1983, hoje com 28 Lojas.
•    A Delegacia e depois o Grande Oriente de Roraima, com 13 Lojas,
•    O Grande Oriente da Amazonia Ocidental, depois Grande Oriente do Estado do Amazonas, em 1991, que chegou a ter 42 Lojas, no Estado do Amazonas.
•    A Delegacia do Acre, com 7 Lojas.
     Hoje o GOB conta com um total de 90 Lojas, na região da Amazonia Ocidental.............
O Grande Oriente do Estado do Amazonas, desde a sua reinstalação, em 1979, teve os seguintes grãos-mestres:
Ananias da Silva Barbosa 1º/7/1979-2/7/1980
José Maria Martins - 2/7 a 14/7/1980
Esmite Bento de Melo - 14/8 a 1º/9/1980 (?)
José Maria Martins - 1º/9/1980 a 2/7/1983.
José Francisco Antas Cesário - 2/7/1983 a 11/1986.
Waldemir Machado Siqueira - 11/1986 a 2/7/1987
José Francisco Antas Cesário - 2/7/1987 a 2/7/1991
José Francisco de Queiroz - 2/7/1991 a 17/6/1995
Antonio José Souto Loureiro - 17/6/1995 a 2/7/1999
Antonio José Souto Loureiro - 2/7/1999 a 17/6/2003
Rosselberto Himenes - 17/ 6/2003 a 6/6/2007
Antonio José Souto Loureiro – 6/6/2007 a 6/6/2011

OS RITOS DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO  NO BRASIL
O Supremo Conselho dos Mui Poderosos Soberanos Grandes Inspetores Gerais do Grau 33 Para o Império do Brasil, do REAA, foi fundado, a 12 de novembro de 1832, por Francisco Gê Acayaba de Montezuma, que, em 1822, adotara este nome nacionalista, substituindo o anterior: Francisco Gomes Brandão. Obtivera uma patente fornecida pelo Supremo Conselho dos Países Baixos, datada de 12 de março de 1829, citada no manifesto de 9 de fevereiro de 1833, dirigido a todos os Supremos Conselhos do Mundo, que segundo Castellani é a única prova de que existiu, pois jamais foi encontrado o original, embora confirmado, em 1858, pelo Supremo Conselho emitente.
O mercenário americano David Jewett, a serviço da Marinha, que possuía uma patente do Supremo Conselho Jurisdição Norte dos Estados Unidos da América, para fundar Consistórios, mas não Supremos, foi convidado para ser o seu Lugar-Tenente, embora depois saísse do Supremo, passando para o Grande Oriente do Passeio, por Montezuma estar concedendo o grau 33, a membros de outros ritos.
Em 1833, este Supremo Conselho de Montezuma foi reconhecido pelos da França e da Bélgica, ao participar do 1º Congresso Internacional, representado por Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, novo Lugar-Tenente, e por Vasconcelos Drumond, tesoureiro, estabelecendo tratados de união com a França e os Estados Unidos.
Montezuma foi demitido pelo Supremo Conselho, por diversas arbitrariedades praticadas, pelo Decreto de 5 de outubro de 1835, mas antes, em junho, já havia criado os chamados Capítulos ou Corpos Capitulares, somente concedidos às Lojas que solicitassem do Supremo Conselho, uma das origens remotas da cisão de Behring. Até então e durante muito tempo depois, o GOB tinha autorização para criar Lojas Capitulares, que funcionavam do 1º ao 18º Grau.
Com a deposição de Montezuma, assumiu Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio, então Grão-Mestre do GOB, quando houve a fundação de um Supremo Conselho irregular e efêmero, denominado de Japiassu, em homenagem a Cândido Ladislau Japiassú, o seu fundador.
Com a morte de Bonifácio, em 1838, foi tentada a unificação de todas as.potências maçônicas, pois o GOB também possuía um Conselho de Kadosh, desde 1836, o que não foi conseguido.
O Supremo Conselho, com suas Lojas, fundiu-se ao Grande Oriente do Passeio, a 5 de dezembro de 1842, continuando o Supremo a ser dirigido pelo Conde de Lages, e o Grande Oriente do Passeio, por Candido José de Araújo Viana, visconde e depois Marques de Sapucaí.
Este Supremo Conselho seria o sexto, no mundo, na ordem de antiguidade:
1º - Supremo Conselho Charleston, Jurisdição Sul dos Estados Unidos, de 31 de maio de 1801.
2º - Supremo Conselho da França, fundado por Alexandre-François-Auguste de Grasse Tilly, na Galeria de Pompeu, a 22 de setembro de 1804.
3º - Supremo Conselho de Nova Iorque, Jurisdição Norte, fundado por Emanuel de La Motta, a 5 de agosto de 1813.
Houve um Supremo Conselho das Índias Ocidentais, na Jamaica, que, em 1816, já não existia e o de J. Cerneau, em Nova Iorque, irregular, pois era apenas um Consistório, reconhecido pelo Supremo Conselho da França, o que deu uma carta patente ao Comodoro David Jewett, para fundar um Consistório, no Brasil, e não um Supremo Conselho.
4º - Supremo Conselho dos Países Baixos, depois da Bélgica, em 1817.
5º - Supremo Conselho da Irlanda, por patente dada ao duque de Leinster, pelo Supremo de Charleston, sendo instalado, em 1826.
6º - Supremo Conselho para o Império do Brasil, criado através de um ato dado a Montezuma, pelo Supremo Conselho dos Países Baixos, a 12 de março de 1829, e instalado, em 1832, conforme Prober.
Antes de morrer, o conde de Lages nomeara Luis Alves de Lima e Silva, conde de Caxias, seu substituto, como Soberano do Supremo Conselho. Manuel Alves Branco, tendo sido eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Passeio, resolveu pleitear o cargo de Lugar-Tenente, e, não sendo atendido, resolveu fundar o seu próprio Supremo Conselho, espúrio de nascimento.
O conde Lages também nomeara Luís Alves de Lima e Silva, conde de Caxias, seu sucessor no Grande Oriente do Passeio, o qual, diante das manobras de Alves Branco, dele desligou-se, formando uma potência. mista independente, sob a denominação de Supremo Conselho do REAA do Grande Oriente Brazileiro, que, em 1854, foi absorvido pelo GOB, também possuidor de um Conselho irregular, passando a ser regular. O outro Supremo irregular do Grande Oriente do Passeio, só seria absorvido, em 1864. Desde então o GOB e o Supremo Conselho formaram uma única Potência Mista, dividida, em 1925, com a criação de um Supremo, em separado, carregando parte do Rito Escocês e algumas Lojas dos ritos Moderno e Adonhiramita, em alguns Estados. O Grão - Mestre Geral do GOB, que também era o Soberano Grande Comendador Prado Kelly recompôs o Supremo Conselho do Brasil para o REAA, com os Grandes Inspetores, que lhe ficaram fiéis, não havendo maiores problemas com os Ritos Escocês, Moderno, Schroeder, Adonhiramita e Brasileiro.
Nos últimos anos conseguimos uma aproximação de grande parte dos Grande Orientes e das Grande Lojas Estaduais, mas ainda falta a reunificação dos Supremos Conselhos. Esperamos que isto não demore, agora que o nosso Supremo Conselho do Brasil, foi reconhecido pelo Supremo Conselho da Inglaterra.


REAA NO AMAZONAS
Até 1927, muitas Lojas Simbólicas eram mistas, funcionando do 1º ao 18º graus, sendo por isso denominadas de Capitulares, que desapareceriam, naquele ano, nas Grandes Lojas Estaduais, vinculadas ao Conselho de Behring, e somente com a Constituição de 1951, no GOB, quando este deixou de ser uma Potência Mista, restrita ao Simbolismo.
Por isso havia uma ingerência dos graus superiores, no Simbolismo, quando um venerável dos graus simbólicos podia ser substituído, na direção da sua Loja, por obreiros de graus maiores, causando impasses. Os Supremos tinham sob a sua jurisdição direta as Lojas puramente filosóficas como os Conselhos de Kadosh e os Consistórios de Príncipes do Real Segredo
Em 12 de fevereiro de 1899, foi instalado, em Manaus, o Conselho Filosófico de Kadosh "Pensador", que, após a cisão de 1927, ficou atendendo aos obreiros da Grande Loja do Amazonas e Acre. O mesmo acontecendo com Consistório de Príncipes do Real Segredo, fundado a 1º de setembro de 1900.
Após a reconstituição do GOB, na Amazonia Ocidental, passamos a ter, no Amazonas, as seguintes Lojas dos Graus Superiores do REAA:
Loja Capitular Unificação Maçônica - 23/5/1936
Capítulo Rosa Cruz Oriente Unido - 27/10/1956
Loja de Perfeição Ajuricaba - 9/08/1974.
Loja de Perfeição Cel. Francisco de Menezes - 29/11/1974
Conselho Filosófico de Kadosh, nº 24 - Ato 0992, de 6/6/1977.
Consistório de Príncipes do Real Segredo, nº14 - Decreto 184, de 26/5/1982.
A MAÇONARIA ADONHIRAMITA NO MUNDO E NO BRASIL
Começou, na França, a partir do Rito de Heredom, tronco comum de outros ritos, como o Moderno e o Escocês Antigo e Aceito. Seu grande codificador foi Théodore de Tschoudy (1730-1769), que lutava contra a proliferação de graus superiores. Em 1766, publicou  o livro A Estrela Flamejante ou A Sociedade dos Franco- Maçons , onde propôs a criação de apenas três altos graus da denominada Ordem da Estrela Flamígera, com os graus de Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da Palestina.
Também é da sua autoria o segundo volume da Preciosa Compilação Da Franco-Maçonaria Adonhiramita, publicada, em 1787, após a sua morte, em dois volumes, dos quais o primeiro teria sido escrito por Leoniz Guillermain de Saint-Vitor, mas na verdade só são de sua autoria a parte relativa aos graus simbólicos e de Mestre Perfeito. Os estudos dos nove graus restantes seriam de Tschoudy:
5.    Eleito dos Nove ou Primeiro Eleito
6.    Eleito de Pérignan ou Segundo Eleito
7.   Eleito dos Quinze
8.   Pequeno Arquiteto
9.   Grande Arquiteto ou Companheiro Escocês
10.  Mestre Escocês
11.  Cavaleiro da Espada do Oriente ou da Águia
12.    Cavaleiro Rosa+Cruz
O último grau  deste Rito seria o grau 13, Cavaleiro Noaquita ou Prussiano, uma ordem que estaria sob a proteção do rei da Prússia, uma espécie de organização secreta dos cavaleiro teutônicos.
Na Europa, o Rito foi praticado na França e em Portugal, sendo abandonado e substituído pelo Rito Francês, ficando restrito ao Brasil, onde surgiu com as Lojas União, em Niterói, em 1800, que mudou de nome, para Reunião, em 1802, filiada ao Oriente da Ilha de França (Reunião), que acabou fechando. Somente em 1815 foi fundada a Loja Comércio e Arte na Idade do Ouro, do Rito Adonhiramita, que, em 1822, desdobrou-se nas Lojas União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói, para fundar o Grande Oriente do Brasil, ao mesmo tempo em que mudavam para o Rito Moderno.
A Constituição do GOB de 1839 fez surgir o Grande Colégio dos Ritos, que existiu até 1855, englobando os ritos Escocês, Adonhiramita e Moderno.. A partir de então formou, com o Rito Moderno, o Grande Capítulo dos Ritos Azuis, que funcionaria até 1874.
Pelo Decreto nº. 21, de 24 de abril de 1873, foi criado o Sublime Grande Capítulo Noaquita, oficina chefe do rito, que, a 2 de junho de 1973, transformou-se no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, com trinta e três graus e dirigida por um Grande Patriarca Regente, auxiliado por uma Cúria Patriarcal.
Graças a Irmãos do Pará e do Rio de Janeiro o Rito retornou à Europa e hoje temos duas Lojas em Portugal.
A MAÇONARIA  ADONHIRAMITA NO AMAZONAS
A primeira Loja do Rito Adonhiramita, em nossa região, parece ter sido a Loja Amazonas, fundada, a 4 de março de 1877, hoje do REAA e da Jurisdição da Grande Loja Maçônica do Amazonas. A figura do Cordeiro está presente no teto do dossel do altar do Venerável, até hoje.
Com o restabelecimento do GOB, em Manaus, em 1934, a primeira Loja do Rito a ser fundada foi a Vitória das Nações Unidas, a 23  de setembro de 1945.
Hoje o Rito possui 3 Lojas Simbólicas, no Amazonas, e as seguintes oficinas dos graus superiores:
•    Loja de Perfeição Ajuricaba, em funcionamento, fundada a 6 de janeiro de 1988.
•    Sublime Capítulo Rosa-Cruz Nações Unidas, de 14 de março de 1988.
•    Sublime Capítulo de Cavaleiros Noaquitas, de 18 de dezembro de 1990.
•    Conselho Filosófico de Cavaleiros Kadosch, nº. 7, de 19 de dezembro de 1990.
O RITO BRASILEIRO NO BRASIL E NO AMAZONAS
Este Rito nada tem a ver com o de mesmo nome, fundado, em 1878, em Recife, a primeira tentativa frustrada de sua fundação.
Pela segunda vez ele foi fundado, por Lauro Sodré, em 23 de dezembro de 1914, mas não implementado, ficando sem Constituição, rituais ou oficina-chefe do Rito, e sem funcionar.
A 12 de fevereiro de 1921, apareceu, em São Paulo, a Loja Campos Sales, no Rito Brasileiro, sendo instalada a 3 de maio. Ficou no Rito até 1923, quando se passou para o Rito York, desaparecendo os vestígios desta segunda tentativa.
Mais tarde, em 1940, houve terceira tentativa, sendo publicada, em 1941, uma Constituição, não aprovada pelo GOB, e estabelecida a oficina-chefe denominada de Conclave do Rito Brasileiro.
Um dos fundadores dessa época, que mais tarde assumiria o Grão-Mestrado do GOB, foi Mario Palmeira, que, em 1968, reestruturou o Rito, com uma Constituição e um Supremo Conclave, sendo esta a quarta tentativa,  finalmente resultou no atual Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos.
A primeira Loja deste Rito, no Amazonas, foi a Vitória Régia, fundada, em 17 de junho de 1972, havendo um total de quatro Lojas, desta origem, no Grande Oriente do Estado do Amazonas.
Além dos três graus simbólicos, o Rito possui mais trinta e três graus filosóficos, que se organizam em Loja de Perfeição, Sublime Capítulo, Grande Conselho de Kadosch Filosófico, Altos Colégios e Supremo Conclave, dos quais temos os quatro primeiros, em Manaus.
RITO YORK  OU INGLÊS NO AMAZONAS
Alguns autores retrocedem a criação deste Rito ao século IX, na cidade de York, na Inglaterra, oriundo das antigas corporações de ofícios. Em 1690, existiam sete Lojas, em Londres, e uma, em York. Algumas dessas Lojas reuniram-se e formaram a UGLE, a 24 de junho de 1717.
A primeira Loja deste Rito a funcionar, no Brasil, foi a Orphan Lodge, de origem inglesa, fundada, no Rio de Janeiro, a 17 de fevereiro de 1833, assim denominada por ser a única aos sul da linha do Equador, na América do Sul. Seguiram-se a St. John`s Lodge, de 1839, no Rio, e a Southern Cross, de 1856, em Recife, todas com colunas abatidas ainda no século XIX.
A primeira Loja de origem brasileira, deste Rito, foi a Vesper, de 1872, pertencente ao Grande Oriente Unido, que depois mudou de Rito. Também foram deste Grande Oriente a Washington Lodge, de 1874, em Santa Barbara do Oeste, São Paulo, fundada por americanos, e a Lessing Lodge, de 1880, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.
Depois foram criadas as sete Lojas inglesas, que formaram o Distrito Norte da América do Sul da UGLE e o Grande Capítulo do Rito, através das quais o GOB assinou os tratados de 21 de dezembro de 1912 e 6 de maio de 1935, com a UGLE, que lhe tem garantido a sua regularidade mundial.
Já teve quatro Lojas, no Grande Oriente do Estado do Amazonas, hoje restando em atividade a Loja Glória Sobre as Trevas, a mais antiga, oriunda de uma jurisdição irregular, mas absorvida e regularizada, pelo GOB, a 13 de março de 1962. Em Manaus, temos funcionando o Capítulo de Maçons do Real Arco Luz Sobre Trevas, nº8, fundado, em 20 de agosto de 2002.
RITO MODERNO OU FRANCÊS NO AMAZONAS
Foi criado, em Paris, em 1761, constituído a 24 de dezembro de 1772, e proclamado em 7 de março de 1773, por Felipe de Orleães, duque de Chartres, Grão-Mestre do Grande Oriente da França, sendo praticado na França e suas colônias, na Holanda, na Bélgica, na Espanha, em Portugal, no Brasil e em outros países.
Vem sendo acusado de ateísta, de irregular, por não abrir suas sessões com a Bíblia, nem invocar o Grande Arquiteto do Universo. Os seus sete graus iniciais foram aumentados para nove, na atualidade.
A primeira Loja do Rito Moderno, no Brasil, foi a Virtude e Razão, fundada, em 1802, na Bahia.
Também passaram do Rito Adonhiramita, para este Rito, as três Lojas fundadoras do Grande Oriente do Brasil de 1822.
Quando restaurado, em 1832, o GOB, continuou a ter, como seu rito oficial, o Rito Francas, possuindo duas Lojas: Comércio e Artes, do Rio, e 6 de Março de 1817, de Recife.
Os seus rituais datam de 1834, e o seu Capítulo é de 1835. Pertenceu ao Grande Colégio dos Ritos de 1839 a 1855, e depois ao Grande Capítulo dos Ritos Azuis, até 1874.
A 23 de novembro de 1874, transformou-se no Grande Capítulo do Rito Moderno, e depois, em 9 de março de 1953, no Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno Para o Brasil. Desde 1976, denomina-se Supremo Conselho do Rito Moderno Para o Brasil.
No Amazonas a sua primeira Loja foi a Conciliação Amazonense, fundada, em 30 de novembro de 1894, hoje no REAA e na GLOMAM. Já teve três Lojas, no Grande Oriente do Estado do Amazonas, sendo duas fundadas, em 1992, já de colunas abatidas, e uma em atividade, a Loja José Bonifácio de Andrada e Silva, fundada a 13 de maio de 1995.
RITO SCHRÖEDER OU ALEMÃO DE HAMBURGO NO AMAZONAS
Este Rito praticado na Alemanha tem o nome de seu autor, que o trouxe da Inglaterra, sendo semelhante ao York.
Temos uma loja, no Amazonas, a Loja Mozart, fundada a 27 de janeiro de 1995.

Ir Antonio Loureiro  -  Grão-Mestre  Emérito do GOEAM

 

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